Esse
menino não tinha voz, sequer emitia algum tipo de som. Sua boca
nunca precisara ser usada antes, pois não entendia qual o sentido de
sua existência.
O
maior problema era o quanto ele sabia. Todo seu conhecimento, sua
experiência, seus pensamentos e segredos guardados dentro de si e
que nunca seriam exposto.
Pobre
menino, mal sabia ele que seu grande sonho poderia virar seu grande
pesadelo. Mas que mal faria algumas palavras? Que mal faria alguns
segredos?
Em
vez de ir procurar a cura para o seu mal, ele passou a observar as
pessoas que possuíam algum domínio da fala.
Quanto
mais observava, mais entendia que ninguém possuía tal domínio…
O
tempo passou e um belo dia o homem, que deixara de ser menino, pensou
ter adquirido o dom da fala. De tanto observar os outros falando, o
homem decidiu então abrir sua boca e falar tudo que vinha a sua
mente. Dali em diante nunca mais se viu tal homem. Exato! Sem
vestígios ou pistas o homem simplesmente desapareceu. Nem ao menos
uma carta escrevera… Ninguém sabe ao certo, como ou porque o homem
sumira. O que se sabe é que sumiu. Nem ao menos sabe-se quantos
segredos ou experiências ele passara aos demais homens, apenas que
suas últimas palavras foram… O silêncio é gratuito!